sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A última experiência humana

Observemos a fortuna do suspiro. Mas não de um suspiro qualquer, e sim o último suspiro. O pulmão esvazia todo o fôlego de vida ainda acumulado, e não o inspira novamente. Junto com o ar que se esvai estão também os planos abortados, sorrisos cancelados, amores amputados, desejos irrealizados e esperanças interrompidas.

De repente alguém deixa de existir fisicamente, e se transfere imediatamente para lugares cada vez mais remotos nas memórias em que a vida ainda pulsa. Aquele que se foi ficou em nós, contudo também levou consigo fragmentos da nossa vida, da nossa história depositada em conta conjunta.

Você percebe então a fugacidade da vida, a fragilidade das pessoas que você ama, aquelas a quem você negligencia por pensar que sempre estarão por perto. De uma hora para a outra a face da perda está mirando você, e lhe mostrando quão efêmera é a existência humana, inclusive a sua própria.

Estamos todos morrendo desde o dia em que nascemos. Nascemos morrendo. Resta-nos a esperança de que, seguindo esse paradoxo, morrer seja simplesmente nascer para uma nova vida.


Em memória de Lia Soraima

5 comentários:

Anônimo disse...

Vc falou algo de muitissima importância,nós nascemos e apartir dai já caminhamos para morte,talvez seja pesado dizer isso,mas é uma fato.Quais os motivos que fazem o ser humano nao aceitar a morte,a perda?Bom,é dificil de definir,é duro que acreditar que uma pessoa que estava viva a poucos instantes agora ja nao existe mais.O que alivia a dor são todas a lembranças guardadas na memoria e coração,saber que elas nunca poderão ser tiradas de nós.Isso ameniza a dor. By:ksy

Ingrid da Silva Pinto disse...

Nascemos para cumprir 1 único objetivo e morremos (às vezes tendo cumprido, outras não).

Terra da Princesa disse...

Eu tenho certeza que há outra vida. E adoro isso, adoro ter essa convicção. Lá a gente também pulsa, de outro jeito. E sim, lembramos daqueles que deixamos, pelo amor que eles mantém por nós.

E eu sei que ela estará sempre na sua lembrança, então estará muito bem guardada.

Ana Barbosa disse...

É um soco no estômago, um tapa na cara quando uma coisa dessas acontece. porque apesar de, como você disse, 'Estamos todos morrendo desde o dia em que nascemos'. Não se espera que uma pessoa tão jovem e ainda mais tão próxima da gente vá partir.

Só o que nos resta é orar, pedir a Deus que um dia o quebra-cabeça, que somos nós, se complete novamente.

Enquanto essa hora não chegar, pode contar que estarei aqui pra ajudar-te na procura.

Lívia Almeida disse...

Bela homenagem, Camila. tanto esta qaunto a de cima. Adorei. Apesar de não ter conhecido a Lia tanto quanto, você e os nossos demais colegas sinto a perda dela porque era especial e fundamental na vida da Patty. A dor desse tipo de perda já senti, por isso, sei que por mais que todos nos digam que vai passar, não passa tão rápido assim. Mas, o que alenta é crer que há uma dimensão ou lugar, ou planeta melhor em que ela está agora... Força.

Vou lhe seguir também e obrigada pelo comentário.